Família exposta a hackers

por Ricardo Esper

Ricardo Esper é um experiente profissional com 40 anos em tecnologia e segurança cibernética, fundador da NESS e atuante na Ionic Health como CISO. Especialista em gestão de crises, compliance e investigação na Trustness e forense.io, contribui para várias entidades, incluindo HackerOne e OWASP, promovendo práticas seguras em tecnologia.

Família exposta a hackers

A tarefa de ser um chefe de família está cada dia mais complicada. No passado não muito distante, as tarefas eram significativas mais simples. Obvio que não estou só falando da educação formal, que isso NUNCA vai ser fácil, mas sim dos problemas cotidianos que passamos a ter em virtude da nova sociedade conectada. A família exposta a hackers, podemos estar trazendo novos problemas onde não haviam, resta saber se esses problemas valem a pena.

Nós pais procuramos conveniência. Tudo que economizar tempo ou aumentar a conveniência é positivo. Serviços como Netflix, entregas programadas da lojas virtuais, ou delivery de comida, por exemplo. Na sua maioria serviços atrelados a aplicativos onde diversos dados são compartilhados com o planeta virtual.

Contudo, aplicativos são só uma faceta do problema.  Existem também dispositivos inteligentes que podem ajudar os pais, como babás eletrônicas, brinquedos, joguinhos e etc. que podem ajudar a vigiar ou entreter os bebês.

Infelizmente, na agitação da vida, nós pensamos em como aquilo pode facilitar a vida. Nem sempre estamos atentos a pensar se “isso é seguro?” E é aí que a conveniência pode voltar para nos assombrar.
Família exposta a hackers

Existem diversos exemplos de pequenas invasões a espaços privados cotidianamente. Invadem sem dó o ambiente familiar e o expõe a internet. Uma simples busca no Google, procure por “hacker baba eletronica” – a tela ao lado é um pequeno exemplo do resultado.

Além das coisas bizarras que aconteceram com as câmeras, existem coisas realmente ruins que podem acontecer, caso alguém invada seu dispositivo dos seus filhos que esteja conectado a internet. Incluindo roubo de identidade, perseguição digital, chantagem e etc.

Obvio que só oferecer o painel do CAOS é fácil, e não é essa a minha intenção. A intenção é que comecemos a pensar antes de agir, há necessidade de perguntas básicas antes de se expor desnecessariamente na rede. Algumas das questões são essas:

Você precisa se conectar à Internet?
Crescemos a maior parte da minha vida sem Internet. Usávamos imaginação. Conhecendo brinquedos atuais a pergunta que me faço com frequência é: os minhas filhas precisam disso? E eles precisam estar online?

Na maioria das vezes, não consigo justificar o porquê de um brinquedo estar conectado ao meu celular, tablet ou à rede. São comunidades de brincadeiras que quase nunca agregam ao brinquedo principal. Tenho a nítida impressão que é o fabricante junto com sua área de marketing captando dados para um grande banco de dados. Já olhei friamente para sites de diversos bonecos da minhas filhas, e nunca achei nada realmente interessante… e nem elas.

Se você pensa ao contrário ou se o brinquedo é essencial, por favor leia os direitos de acesso e que informações vitais os fabricantes de brinquedos estarão coletando dos seus filhos. Sinceramente, a localização GPS dos seus filhos ou da escola deles precisa mesmo ser compartilhada?

A sua rede doméstica é segura?
As crianças de hoje nunca crescerão como nós. A Internet é onipresente, é essencial pra vida diária. Então goste ou não, a conectividade em nossas casas continuará a crescer.

Obviamente, todos queremos estar seguros dentro de nossas casas. Infelizmente, esse mesmo sentimento ou necessidade por segurança é muitas vezes menosprezado no que diz respeito a proteger todos os dispositivos que contenham dados que podem ser mais valiosos para cibercriminosos.

No mínimo, você deveria proteger sua senha de WiFi, além de usar antivírus em seus dispositivos. Redes caseiras são invariavelmente expostas e com isso a variedade de ataques possíveis são imensos.

Pense nos seus filhos

É nosso dever preparar nossos filhos para o futuro. Então, devemos tratar sua privacidade do modo que tratamos sua segurança física.

Diferente de um adulto que tem sua identidade roubada, pode-se passar anos (ou até décadas) até que isso seja descoberto, já que eles não tentarão obter crédito tão cedo. Afinal, comprar coisas para eles é seu trabalho durante muito tempo.

Com isso em mente, você realmente precisa ter cuidado quais dados você compartilha com as empresas. Se um brinquedo ou conta precisar de informações vitais, considere essas três dicas:

  • Compartilhe o mínimo possível: não existe lei que diz que seus filhos precisam fornecer dados vitais para fabricantes de brinquedo ou até médicos.
  • Invente dados falsos: se você não quiser que seus filhos tenham perfis em marcas, invente datas de aniversário, sexo, ou qualquer outra coisa que a marca esteja pedindo. Marqueteiros são pagos para fazerem Marketing, você não precisa facilitar para eles.
  • Use as suas informações: não existe regra que obrigue que as contas estejam ligadas as crianças.

Manter a cibersegurança e ser ciber expert o suficiente é difícil. E ainda mais difícil fazer isso não só por si, mas também por seus filhos. Também sou pai e sei que você já tem muito com o que lidar.

Respire fundo – você pode fazer isso.

Boa Sorte

Ricardo Esper

Ricardo Esper
Ricardo Esper

Ricardo Esper é um experiente profissional com 40 anos em tecnologia e segurança cibernética, fundador da NESS e atuante na Ionic Health como CISO. Especialista em gestão de crises, compliance e investigação na Trustness e forense.io, contribui para várias entidades, incluindo HackerOne e OWASP, promovendo práticas seguras em tecnologia.

Falando nisso…

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